Indicação Biocultural: A Terra Indígena Baú é habitada pelos povos isolados Pu’ Rô, Mebêngôkre (Kayapó) e Kayapó Mekrãngnoti. Os Kayapó são um povo da língua Jê que vivem em aldeias dispersas ao longo do curso superior dos rios Iriri, Bacajá, Fresco e de outros afluentes do rio Xingu. De suas terras os kayapós utilizam diversos recursos da flora e fauna tanto para alimentação, quanto para a elaboração de produtos bioculturais. Alguns destes elementos da natureza e modos de saber-fazer merecem destaque, a bacaba, pequi do cerrado, breu, o mel; a confecção flechas, cachimbos, dentre outros. O cachimbo desta coleção é chamado na língua Kayapó de Warikôkô, são utilizados por homens e mulheres das comunidades e podem ser feitos com madeiras de mogno(Swietenia macrophylla King, Meliaceae) e pequizeiro (Caryocar brasiliense Cambess., Caryocaraceae). Os cachimbos possuem simbolismos variados, conforme o uso tradicional do grupo social. Para os Kayapó adentrar nas matas e roçados representa se expor em um espaço aberto, que pode ser visitado por seres humanos e não humanos, os outros. Sendo assim, as roças são frequentadas também por mekaron, as almas dos mortos e, por isso, as mulheres preferem ir juntas nas roças e costumam acender cachimbo para espantar os mekaron, que não gostam de fumo do tabaco. Segundo os mais velhos, a fumaça do tabaco espanta maus espíritos e afasta os perigos, pois a floresta é considerada um lugar onde os homens podem se transformar em animais ou em espíritos, adoecer sem razão ou mesmo matar seus parentes.
