PLANTAS MEDICINAIS DA COLEÇÃO ETNOBOTÂNICA DO HERBÁRIO PROFª DRª MARLENE FREITAS DA SILVA (MFS), UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

Resumo

Estudos etnobotânicos contribuem consideravelmente com a descoberta de usos das plantas a partir do conhecimento popular e expressam a cultura de diferentes sociedades. O herbário (MFS) da Universidade do Estado do Pará foi criado em 2011 e conta atualmente com um acervo de 5.000 amostras de exsicatas e coleções associadas. A coleção etnobotânica é uma coleção temática do herbário, que atualmente contabiliza 688 registros. Este trabalho tem por objetivo apresentar as espécies medicinais da coleção etnobotânica do herbário MFS, iniciada a partir de estudos desenvolvidos com algumas comunidades no estado do Pará. Para isso, foi realizada consulta ao banco de dados do herbário, o software BRAHMS - Botanical Research and Herbarium Management System, de onde foram extraídas as informações sobre as localidades, famílias botânicas, nomes científicos e etnoespécies. Os dados adicionais, que incluem a indicação de uso da planta, parte da planta utilizada e formas de preparo, foram obtidos dos questionários aplicados nessas pesquisas. As plantas medicinais da coleção totalizam 280 amostras coletadas nos municípios de Abaetetuba (Comunidades Ribeirinhas), Capanema (Comunidades Periurbanas) e Soure (Comunidades da RESEX Marinha de Soure). As famílias mais representativas são Lamiaceae (29 spp.), Asteraceae (26 spp.) e Euphorbiaceae (17 spp.). Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. (hortelã), Ficus maxima Mill. (caxinguba), e Gymnanthemum amygdalinum (Delile) Sch.Bip.ex Walp. (boldo) foram as espécies mais citadas em Abaetetuba; Cocos nucifera L. (côco), Anacardium occidentale L. (caju) e Astrocaryum vulgare Mart. (tucumã) em Soure; e Portulaca pilosa L. (amor crescido), Chenopodium ambrosioides L. (mastruz) e Vernonia condensata Baker (boldo) para Capanema. As plantas medicinais amplamente empregadas nas três localidades atendem ao tratamento de doenças relacionadas principalmente ao sistema gastrointestinal, seguido pelo respiratório, urinário e cardiovascular. O chá por infusão é a forma de preparo mais comum e a folha é a parte da planta mais utilizada. O uso das plantas nas comunidades amazônicas é uma medida terapêutica frequente e prioritária, quando se leva em consideração a dificuldade de acesso aos centros urbanos e aos medicamentos primordiais na atenção à saúde. A organização de coleções etnobotânicas nos herbários devem ser incentivadas e fortalecidas por códigos de conduta e ética por representarem a sociocultura regional dos povos tradicionais. (CNPQ)