Indicação Biocultural: A cuieira, cabaça ou coité é uma espécie é típica da América Central, mas pode ser encontrada também na região amazônica, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil. Trata-se de um objeto elaborado a partir dos frutos, e usado como utensílio alimentício e artesanal, sendo recipiente exclusivo de um dos principais pratos da culinária paraense: o tacacá. Pode-se ainda enumerar uma série de outros usos: na cozinha, serve como vasilha para o preparo e consumo de alimentos sólidos e líquidos; na navegação, para tirar água das canoas; nos cuidados pessoais, desde o banho até a aplicação de medicamentos; no vestuário, em forma de bolsas e até como adornos de roupas; na fabricação de instrumentos musicais (berimbau e chocalhos) e objetos de decoração. Na medicina tradicional, a polpa do fruto, quando verde, possui propriedades anti-inflamatórias, antioxidante e antimicrobianas, sendo aplicada no combate a doenças respiratórias, hipertensão, diabetes, problemas urinários; quando madura, a polpa é considerada fitotóxica e pode ser abortiva. As sementes possuem propriedades diurética e purgativa.
O tradicional modo de fazer cuias caracteriza-se por longas etapas de trabalho: retirada dos frutos, corte em duas metades, limpeza e polimento de cada parte, tingimento com pigmentos naturais (opcional, dependendo do uso destinado à peça), lavagem e ornamentação com grafismos. Esse processo tradicional é praticado prioritariamente por mulheres, como já observado por Ferreira em 1789. A pintura das cuias costuma ser realizada com jenipapo (Genipa americana L.) e carvão.
Esta cuia em particular, foi criada pela AERAJ (Associação Educativa, Rural e Artesanal da Vila de Joanes, Marajó), onde é empregada como ornamental e utensílio doméstico. Foi produzida a partir do fruto globoso da árvore popularmente denominada cuieira e recebe pinturas que representam a cultura marajoara. Muitas cuias são produzidas nos municípios paraenses de Santarém e Monte Alegre, situados na região do Baixo Amazonas, e isto já chamou a atenção de observadores desde o século XVI. O modo de fazer cuias é bem variado e encontra-se disseminado em diversas localidades da Amazônia, podendo ser simples ou ornamentadas com desenhos (traços ou grafismos florais, paisagens, dentre outros símbolos), pinturas e tingimentos.
