Descrição Biocultural
O rapé é um pó que pode ser feito à base de diversas plantas da floresta e/ou do tabaco cultivado. É considerado por muitos povos indígenas como o veículo vegetal que faz a passagem cósmica e transporta as almas para o encontro com espíritos e outros seres da flora e fauna. O rapé desta coleção biocultural foi preparado a partir da secagem e trituração da madeira de ipê roxo ( Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos, Bignoniaceae), misturada às folhas secas de tabaco (Nicotiana tabacum L. , Solanaceae), resultando em um pó fino de coloração esverdeado-acinzentada. Juntamente com as folhas e casca da madeira, há os acessórios que compõem o ritual de preparação e uso do rapé, como o carvão que auxilia na secagem e deixa as folhas quebradiças, uma vez que estas são postas em uma superfície sobre a brasa do carvão; e o assoprador-aspirador, um tipo de auto-aplicador, também denominado kuripi ou kuripe, confeccionado com a tala do bambu. Neste rapé encontram-se as folhas trituradas e as cinzas da madeira empregada. Na região do Médio Purus, os Jarawara usam o rapé para fins terapêuticos, como tratamento de gripe, dor de cabeça, insônia e calmante. Entre os Apurinã o rapé faz parte dos rituais de xamanismo, além de dar vigor e resistência nas caçadas e pescarias, abertura de roças, no transporte de mandioca e outros produtos agrícolas em que haja necessidade de esforço físico intenso. Para estes povos indígenas, o uso cotidiano do rapé inclui os momentos de pausas nos trabalhos do campo até seu uso ritualizado.
Nome da planta - objeto - produto
Rapé
Número de Registro Etno
MFS_000798_etn
Referências
Mendes dos Santos, G.; Soares, G. H. Rapé e xamanismo entre grupos indígenas no médio Purus. Amazôn., Rev. Antropol. (Online), 2015.
Categoria
Ref.Origem
País
Estado
Município
Local da Obtenção
Matéria prima
Partes Usadas
Família e Nome Científico
Bignoniaceae > Handroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos
Nome Vernacular
Doador
Ano de Entrada
2019